Eles são admirados e desafiados; eles incorporam a visão da empresa e carregam sobre seus ombros o peso das decisões que a levarão para cima ou para baixo. Os CEOs são constantemente cobiçados, examinados, julgados, dissecados tanto interna quanto externamente, e desesperadamente ficam sozinhos no topo da pirâmide.
Em nossas carreiras intensas, todos nós experimentamos uma queda na motivação uma vez ou outra (ou várias vezes). No entanto, quando isso acontece, não é fácil deixar transparecer essa vulnerabilidade tão humana. O CEO não é uma exceção à regra; ele pode, sim, sentir a perda do seu sentido de missão. Estes executivos devem sempre parecer estar no topo: motivados, com alto desempenho, informados e experientes, eles devem dominar seu assunto do início ao fim e ter todas as respostas. Mas isto levanta uma questão crucial: a quem podem recorrer quando começam a ter dúvidas, quando o que mais procuram é uma discussão franca, sem julgamentos?
A seus colegas mais próximos? Quando o peso da hierarquia está presente na relação, as pessoas costumam ter medo de desafiar a autoridade ou de falar abertamente, mesmo quando o CEO tenta fazer de tudo para colocá-las à vontade.
Às vezes o próprio CEO acaba por se enrolar em uma armadilha de autoengano: uma falsa crença de que ele ou ela tem a obrigação de saber tudo e que pedir feedback seria admitir uma fraqueza. Nada poderia estar mais longe da verdade.
Por outro lado, desenvolver a sensação de que a posição de CEO lhe permite viver sem a opinião de outras pessoas ou sem precisar questionar seu próprio desempenho e habilidades comportamentais é igualmente danoso. O excesso de autoconfiança pode levar à imprudência.
No livro "Why smart executives fail: and what you can learn from their mistakes" ("Por que executivos inteligentes falham"), Sydney Finkelstein entrevistou 197 CEOs que deixaram suas empresas após uma grande crise. O autor chega à conclusão de que não foram tanto as qualificações, a inteligência, o desempenho ou a falta de visão desses altos executivos que levaram ao seu fracasso, mas sim a forma como construíram a estreita relação com seu ambiente direto: quando o negócio começou a andar à deriva, o CEO se colocou na defensiva, concentrando-se em atividades periféricas para não enfrentar a realidade dos fatos, com grande dificuldade em administrar a mudança ou sem se posicionar quando, de fato, o importante teria sido corrigir a trajetória. Uma atitude de isolamento.
A busca pelo desempenho de nossa sociedade tornou-se obsessiva. É necessário ser cada vez mais rápido, mais eficiente, mais eficaz e preciso com resultados que sejam quantificados, analisados e alimentados de volta para a máquina de rentabilidade. Isto está se tornando tão extremo que esquecemos o aumento absurdo do estresse nas equipes e a pressão nos níveis mais altos das empresas. Não importa a realização individual ou o desejo de criar um mundo melhor se os resultados financeiros forem bons no final de cada ano fiscal.
Qual é o preço a pagar para sair da solidão do CEO? Em tal contexto onde a invulnerabilidade e o desempenho absoluto se tornam a regra, como o coaching executivo pode ajudar os CEOs a melhor interagir, questionar-se, aceitar e até mesmo valorizar suas "vulnerabilidades"?
. Tornar-se consciente de si mesmo: não estamos falando de habilidades técnicas, mas de valores, missão de vida, senso de realização. Criando um compromisso com algo maior do que si mesmo.
. Deixar um legado: desenvolver a capacidade de orientar e desenvolver outros.
. Gerenciar suas emoções: identificar objetivamente seu repertório de pensamentos e mudar esta "programação mental". Saber acolher diferentes emoções - as próprias e as dos outros - e usá-las favoravelmente.
. Identificar seus padrões de interpretação do mundo e os automatismos que o prendem no mesmo ciclo de pensamento dia após dia.
. Questionar-se sobre a imagem que gostaria de passar, sua autoimagem e sua imagem realmente percebida. Trabalhar para o reconhecimento do próprio papel como um condutor e não como um mestre omnipotente.
. Aprender a administrar o estresse em um âmbito mais amplo que os exercícios respiratórios tradicionais (que também têm sua utilidade).
. Influenciar e persuadir em vez de coagir: esquecer o exercício do poder e do controle para criar relações interpessoais sinceras e inspiradoras.
O papel do CEO é complexo. Envolve questões importantes tanto em termos da missão de sucesso imposta a ele ou ela quanto das apostas pessoais que ele ou ela representa para aqueles ao seu redor. É importante aprender a estabelecer relacionamentos duradouros baseados na confiança, criando uma organização onde o alto executivo se torna um líder inspirador que sabe como confiar em seus colaboradores, ao invés de jogar a carta da supremacia que condena à solidão e ao isolamento. Tudo isso é um exercício delicado, sensível e frágil que requer a máxima atenção e não deve ser ignorado em nenhuma circunstância.
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