Texto originalmente criado para a plataforma Brasileiras pelo Mundo
Quem já não mudou de casa alguma vez, levante o dedo!
A maior parte de nós já se mudou ao menos uma vez na vida: empacotar tudo, proteger os móveis, descobrir a tonelada de poeira que ficava embaixo da cama (e que provavelmente lhe fazia espirrar todo dia de manhã), finalmente encontrar seu brinco preferido, cujo par tinha sumido há pelo menos três anos, negociar o preço do serviço com a transportadora e rezar para que nada se quebre no traslado, começar a desempacotar tudo, ficar irritada consigo mesma por não ter identificado com mais precisão o conteúdo de cada caixa e ficar horas procurando sua agenda……ufa….já estou cansada só de escrever isso!
E, certamente, ainda ficarão umas caixas fechadas por várias semanas, quem sabe até por meses, até que finalmente a gente resolva ver o que realmente tem ali dentro e colocar cada coisa em seu lugar.
As mudanças de casa possuem um lado funcional que é extremamente cansativo, que eu mais ou menos descrevi aí em cima. E para quem já se mudou de um país para o outro, então, a proporção disso é ainda maior, pois há muito mais coisas em jogo. Mas as mudanças também são uma oportunidade inigualável de renovação de nossos seres. Algumas religiões orientais pregam que as grandes limpezas externas tocam profundamente nosso interior. A faxina e a arrumação de fora provocam também faxina e arrumação dentro de nós. Hermes de Trismegisto, figura emblemática da teologia, da medicina e da filosofia, pai do dito “Hermetismo”, postulou o “Princípio da Correspondência”: tudo o que está em cima, está embaixo, tudo o que está dentro, está fora. Muito já se falou sobre essa linha de pensamento, e são muitas as interpretações. Não é minha intenção discutir isso aqui, então convido vocês a pesquisarem.
O fato é que, realmente, mudanças de casa, faxinas e arrumações têm um profundo impacto interno. São momentos em que verificamos que não somos mais a pessoa que éramos há algum tempo, por exemplo. Aquele objeto que guardávamos com tanto cuidado, vemos que já não significa muita coisa. “Por que razão eu mantinha isso aqui? Nem me lembro mais”. Aquele vestido que já estava no canto do armário há séculos, nos faz rir: “Nossa, como é que eu conseguia usar essa coisa horrenda!!!” Pois é, a gente muda. Muda dentro!
Mudanças de residência são belos momentos para se fazer essa “limpa na vida”. Jogar fora o que não serve e está quebrado (aliás, segundo o Feng Shui, objetos quebrados impedem que a boa energia circule pela casa), doar o que não se usa mais, abrir espaço para o novo.
Em Coaching fazemos vários exercícios que estimulam a autoestima e que caem muito bem nesses momentos de mudança. Por exemplo, a “transformação do armário”. Quer experimentá-lo?
Abra seu guarda-roupas e dê uma boa olhada em tudo o que tem ali. Pegue cada peça de roupa e sinta se você realmente gosta dela e se ela lhe cai bem. Se a resposta for negativa, coloque fora do armário, começando a formar uma pilha de coisas para doação ou reciclagem.
Identifique peças que você não usa há muito tempo. Provavelmente não as usará mais. Talvez as únicas que mereçam ficar porque as que fogem desse critério são as chamadas “peças funcionais”, do tipo roupa de sky, calça de pesca, touca para piscinas de spa, etc., peças que realmente só são usadas de vez em quando, por razões práticas. Essas ficam.
Por favor, passe adiante também aquelas que têm furos, cortes ou rasgos de tanto uso. Eu sei, eu sei, elas são confortáveis. Aquela calcinha de mil anos, que você adora, não te aperta nada, mas que tem tanto furo que parece um queijo Gruyère. Fora!!! Aquelas roupas de dormir que fazem você parecer 10 anos mais velha….não dá! Coitada da pessoa que dorme com você…pense nela, também!
Feita essa primeira triagem, passe para a segunda, que é radical: das peças que sobraram, desapegue daquelas que você gosta, mas não tanto assim. O objetivo é que você só tenha peças que você A-D-O-R-A!!!! A cada vez que você abrir o armário, a dúvida vai lhe invadir: “Wow, tudo aqui fica bem em mim! O que eu vou usar hoje?!” Essa é uma dúvida deliciosa de se ter. E, de quebra, você ganha vários pontos na autoestima.
Enfim, o recado é: faça tudo o que tenha que fazer de prático/administrativo/funcional quando estiver se mudando de casa e lembre-se da gigantesca oportunidade que você está recebendo de se mudar interiormente, também. Dê atenção a isso e procure fazer uma faxina profunda. O momento é perfeito para uma bela reflexão. Uma nova onda de boa energia aparece como que por mágica. Mas não é mágica: é trabalho de autoconhecimento, um dos mais valiosos e produtivos que existe. Boa mudança para você!
Stela Klein