Qualidade de vida não é conforto. Essa frase pode parecer estranha, mas nós costumamos confundir qualidade de vida com conforto e achar que o acúmulo de bens traz necessariamente qualidade de vida. Se fosse assim, toda pessoa rica seria feliz, o que não é verdade.
Segundo o coach americano R. di Stefano, o que define o nível de qualidade de vida de uma pessoa é a quantidade de MOMENTOS MEMORÁVEIS que ela tem. Para entender isso, vamos falar de FLOW.
Flow é um conceito criado pelo psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi (100 pontos para quem conseguir pronunciar corretamente seu nome!) depois de mais de 20 anos de estudos.
O Flow ocorre quando estamos tão concentrados em uma atividade que parece que o tempo pára e temos absolutamente total controle sobre aquilo que estamos fazendo. Quando entramos em um estado de flow, sentimos uma satisfação imensa oriunda da ação que empregamos e dos resultados alcançados.
O estado de Flow pode acontecer em diversos momentos: 1) Pensamentos: quando fazemos estudos aprofundados, jogos ou quebra-cabeças complexos, leitura que nos prende a atenção;
2) Atividades físicas: esportes (mesmo quando trazem alguma dor – por exemplo, um nadador que está no limite de seu fôlego); esforços físicos, dança;
3) Trabalho: planejamento de projetos, execução de uma tarefa desafiadora, trabalhos criativos, etc.
Chamamos essas horas em que entramos em Flow de Momentos Memoráveis. E quanto mais momentos memoráveis temos em nossa vida, maior qualidade de vida experimentamos.
Quando estamos em busca de um trabalho que, além de garantir o pão de cada dia, possa nos preencher intelectual e emocionalmente, é importante tentar identificar se ele tem potencial de nos trazer uma boa gama de momentos memoráveis. E, se ao longo de nossa vida fizemos um bom trabalho de desenvolvimento pessoal, a maturidade nos traz um autoconhecimento que nos permite saber quais são os gatilhos, em nós, que geram esses momentos que viram Flow.
Entender isso também é particularmente importante quando falamos sobre preparar-se para a aposentadoria. Em um primeiro momento, pensamos em parar todo e qualquer tipo de trabalho e fazer apenas coisas simples e que nos deem prazer. Fazer uma quebra se o ritmo anterior estava muito forte é saudável, mas é preciso ter em mente que os momentos memoráveis são aqueles que exigem algum nível de esforço de nossa parte. Lazer passivo (ver TV, por exemplo) ou atividades funcionais (tomar banho ou fazer compras) não geram satisfação. A satisfação é um contentamento psíquico que tem uma certa duração e que surge quando eu sinto que fiz algo produtivo, me superei de algum modo ou aprendi algo novo.
Situações absolutamente passivas geram tédio, e esse é um amigo muito próximo da frustração e até mesmo da depressão.
Se você está buscando um novo trabalho, se preparando para a aposentadoria ou se já está aposentado, atenção aos momentos de flow. A inclusão de desafios, aprendizados, trabalhos produtivos e esforço físico é o que vai gerar momentos memoráveis e satisfação duradoura. E, isso sim, é uma bela qualidade de vida, em qualquer momento de nossa existência.
Stela Klein