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Amizades na vida dos expatriados


Um dos sentimentos mais trabalhados no coaching de expatriados é a solidão que bate nos primeiros meses após a mudança para um novo país. Isso é muito normal, claro; pois, de um momento a outro perdemos quase que por completo a nossa rede de contatos, a nossa rede de apoio. Todo mundo que estava sempre fisicamente ao nosso lado, com o estalar dos dedos não está mais. Lidar com isso, no início, é realmente difícil.

Para algumas pessoas, viver um pouco mais sozinho é muito complexo. Gostam e precisam estar em grupo, discutir animadamente sobre os mais variados assuntos, trocar ideias, conselhos, confidências. Geralmente, essas pessoas acabam passando pela transição do “estar sozinho no novo país” mais rapidamente, pois naturalmente já possuem um talento gregário, capaz de criar novos laços, assim que novas oportunidades aparecem.

Mas também há pessoas que vivem muito bem sozinhas. Apesar de isso até ser bastante positivo – pois evoca independência, autonomia, liberdade de ação – pode também ser uma armadilha: a pessoa passa a ter muitas ocasiões de ficar isolada no novo ambiente e, quando se dá conta, realmente não estabeleceu nenhum novo contato, nenhuma nova amizade.

Desenvolver amizades ou desenvolver novos meios de manter amizades antigas é um talento que pode e deve ser treinado ou alimentado quando passamos a viver em um novo local. A criação e a manutenção de uma nova rede de suporte é vital para que possamos nos sentir novamente “em casa” e, obviamente, tem um lado prático importante: a troca de ajuda, de apoio, de informações.

Para criar novos laços é preciso se expor, em vários sentidos. Fisicamente, é preciso frequentar lugares. Muitos expatriados relatam que, quando têm filhos, reuniões escolares ou mesmo o momento da espera dos alunos na porta da escola é uma oportunidade para ir, aos poucos, conhecendo os outros e iniciar conversas. Algumas pessoas vão a eventos rotineiros em suas comunidades, outras participam de atividades voluntárias. Os cursos – sobretudo os de idioma – oferecem, também, a chance de se estabelecer os primeiros contatos.

Mas não basta a exposição física, é preciso estar mentalmente e psicologicamente aberto às novas relações.

Para quem é mais retraído ou mesmo tímido, isso é sempre um desafio. Quer uma dica? Sorria para quem está perto de você, ao invés de apenas olhar para a pessoa e baixar o rosto. O sorriso é um dos elementos de inteligência emocional mais poderosos que existe, pois trabalha uma das 4 competências da inteligência emocional – saber gerenciar os relacionamentos. Quem recebe o sorriso se sente bem, pois ele ativa uma sensação humana ancestral – “estou sendo visto, estou sendo reconhecido” – e a pessoa se sente automaticamente inclinada a manter o contato.

Estar mentalmente aberto significa, também, querer compartilhar um pouco de sua vida com os outros. Há sempre muita curiosidade nas pessoas locais em quererem saber os motivos da sua mudança, como era sua vida antes, em que você ou sua família trabalha, etc. Às vezes, fazem tantas perguntas que nos sentimos invadidos, não é mesmo? Mas se você souber ter paciência e lidar com essa fase do estabelecimento de uma nova relação, há chances de descobrir belas pessoas.

Preservar as amizades antigas também é uma arte.

Hoje em dia, com tantas ferramentas digitais, manter contato é fácil, basta querer. E há um fenômeno interessante, também: você redescobre ou faz renascer amizades entre aqueles que também são expatriados como você! Recentemente recebi, em minha casa, em Lyon, uma amiga querida que vive em Londres e com quem falo de tempos em tempos através de um chat, mas com quem não me encontrava há muitos anos.

Dois dias de convivência não foram suficientes para tantas trocas: relembramos os momentos vividos, nos atualizamos sobre nossos trabalhos, sobre as pessoas que amamos, sobre a vida no dia a dia, falamos de maquiagem, de coaching, de viagens, passeamos pela cidade, comemos super bem! Enfim, através desse contato, vimos que a distância é só um elemento com o qual temos que lidar em nossa amizade, e que essa distância não é nada mais do que isso: um elemento a considerar, mas não necessariamente um elemento limitante.

Um grande amigo filósofo diz que amizade depende de objetivo: quando temos um objetivo em comum, uma amizade se estabelece e, se por um acaso esse objetivo não existe mais, não há mais motivos para que a amizade continue. Concordo com ele, e vejo que é por isso que há amigos com os quais perdemos a conexão ao longo da vida, visto que não há mais os pontos em comum que nos ligavam anteriormente. Isso é normal, e precisamos aceitar esse fato. Ao mesmo tempo, conforme evoluímos e passamos a ter novos interesses, novas amizades podem crescer e novos laços podem ser feitos com os amigos já existentes.

Como vão suas amizades, novas e de longa data? O que você tem feito para alimentá-las? Dizem que amizades são como plantas: quanto mais a gente rega, mais elas crescem. Que tal pegar seu regador e entrar em contato com algumas pessoas hoje? E lembre-se: leve o sorriso junto!

Stela d'Escragnolle Klein

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