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  • Íntegra do artigo publicado pelo portal da ABRH

Ter Tempo é Ficção Científica? - Coaching de Vida


Há muito já temos ouvido o termo “internet das coisas” (internet of things), que designa o uso de equipamentos inteligentes para tornar nossas tarefas cotidianas mais fáceis. São geladeiras que identificam o que há dentro e sugerem receitas culinárias, scanners que avisam quando um produto vai vencer, travas de segurança que reconhecem a íris de uma pessoa e outros itens incríveis que não vemos a hora de ter em casa.

A escalada da tecnologia é realmente algo fantástico, e quase todos os movimentos da “internet das coisas” têm um único objetivo: uso otimizado dos nossos recursos – energia, alimentos, água e, sobretudo, tempo. Se formos sinceros com nós mesmos, podemos identificar que já passamos por uma grande onda de uso de ferramentas que nos poupam tempo.

Eu me lembro, por exemplo, que, quando era estagiária no maior grupo privado nacional (na época), um belo dia chegou o primeiro computador do departamento (que tinha cerca de oito pessoas) e montamos um cronograma para que cada um o usasse um pouco. Não existiam e-mails na época: mandávamos memorandos por malote (pelos correios) e aguardávamos alguns dias até a resposta chegar. Pensando nesse cenário de pouco mais de 20 anos atrás, é difícil imaginar como uma empresa se mantinha de pé! E, no entanto, tudo funcionava muito bem.

Mas o que fizemos com o tempo ganho de lá pra cá? Tenho a impressão de que apenas e tão somente o reinvestimos em mais tarefas a serem cumpridas (como se fosse errado o uso desse tempo para qualquer coisa diferente disso). Isso é feito tão automaticamente que não apenas não percebemos o ganho de tempo como, também, reclamamos mais do que nunca de que não temos tempo livre.

Em várias empresas, é sinal de competência sair depois do horário oficial de trabalho, ter a caixa de e-mails abarrotada de mensagens e entrar e sair de reuniões e depois dizer que só conseguiu almoçar um “sanduíche da máquina de snacks”. Completamente impensável pegar a meia-hora ganha com o novo sistema de armazenamento na nuvem, por exemplo, e dedicar-se a um brainstorming para um planejamento de longo prazo ou se “dar ao luxo” de não levar trabalho pra casa.

Quando, antes, eu esperava dois dias para receber a resposta a um memorando enviado por malote, hoje eu vejo minha caixa de e-mail chegar facilmente a 60 mensagens não lidas ao final da tarde, ainda que eu tenha enviado e respondido a outras dezenas durante o dia. Se eu mando uma mensagem via SMS ou WhatsApp, espero a resposta nos segundos seguintes, chegando a manter o celular na tela da mensagem. É inadmissível que a pessoa do outro lado esteja fazendo algo mais importante do que olhar o que eu escrevi! Se a resposta não chegou em até um minuto, alguma coisa muito estranha deve ter acontecido… ou a pessoa está me ignorando… e por aí a imaginação vai a mil por hora.

E, de tanto acumular tarefas, tentando ser o mais produtivo possível, alimento esse mecanismo angustiante da falta de tempo. Faço mais e mais sem sequer saber por que e o tempo, que parecia suficiente, se mostra mais curto do que pensei. Gero atrasos e me frustro, mas não consigo parar de encher a minha agenda.

E se a gente se tornasse tão eficaz quanto a tecnologia que nós criamos? Não em fazer mais em menos tempo (eficiência), mas em fazer mais bem feito, com maior atenção, sentindo-se mais realizado por ter feito algo útil e valioso.

Acho que o salto de tecnologia que conseguimos deveria se refletir em um equivalente salto em nossa qualidade de vida. Entendo esse conceito como um melhor gerenciamento de nossas emoções e ações no dia a dia. Basta de angústia com tarefas inacabadas, listas infindáveis de atividades e argumentos que se perdem por não terem sido bem estruturados. Aprendamos a dizer não, a delegar, a nos posicionarmos diante de situações que nos trarão stress e que podemos gerenciar de outra forma.

Voltemos a ter paz em nossos trabalhos e no nosso dia a dia. Será isso possível ou você acha que é ficção científica?

Stela Klein

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